O verão se aproxima. Dezembro já chegou: clima de férias, muito sol, praia, piscina e encontros com a família. Como é essa época para você?
Ao mesmo tempo que muitos pacientes meus relatam gostar muito do calor e do fato de o sol se por mais tarde, também se sentem muito angustiados nessa época do ano.
Mas por que será?
Nessa época, as pessoas usam menos roupa devido ao calor. As pernas ficam de fora. Saem as calças e entram os vestidos, shorts, bermudas, biquínis.
E com eles e as festas de fim de ano, vem os comentários: “nossa, você engordou”, “esse vestido ficava tão largo em você e agora fica justo, né?”.
Ou então vem aquele parente inadequado e enquanto te mede dos pés à cabeça, fala de seu projeto fitness e como está com “corpão” por passar 3hs na academia todo dia e comer dois ovos e beterraba diariamente.
Nas festas de fim de ano, onde seria supostamente para celebrar a união e o amor familiar, você só ouve críticas e comentários maldosos. O peru desce seco. A lentilha fica quase presa na garganta de tanta angústia.
Mas mais do que isso, é inevitável que essa época seja de retrospectiva do ano que passou. E aí vem a parte mais difícil.
Pois a cobrança é sempre mais dura e implacável quando vem da gente mesmo.
Como foi esse ano para você?
Mais do que se frustrar por não ter alcançado o peso desejado, por não ter conseguido emagrecer tanto quanto você gostaria ou por ter efetivamente engordado, quais as marcar emocionais que esse ano te trouxe?
Que experiências você passou? Como foi para você lidar com elas?
Tiveram muitos períodos de estresse, angústia, exaustão, solidão, perdas e sofrimentos silenciosos?
Você sente que conseguiu “digerir emocionalmente” essas vivências emocionais ou só as engoliu em seco e as vomitou?
Que marcas foram essas que esse ano trouxe no seu corpo? Como é para você lidar com elas?
Como é para você acolhê-las e dar sentido a elas dentro da sua história de vida?
Pois o que mais escuto no consultório é a descrição do sentimento de frustração e fracasso nessa época do ano.
Entretanto, quando faço junto com o paciente a retrospectiva do que aconteceu de janeiro até agora, surge um histórico de perdas, de picos de estresse, de dores psíquicas muito intensas.
Além disso, também aparece um relato de períodos (ainda que breves) de emagrecimento. De momentos de conexão com o corpo e de cuidado da própria saúde.
É que dentro da lógica do “tudo ou nada” que já falamos em outros textos (ou as coisas saem como idealizo ou elas não tem lugar), tudo fica parecendo extremamente cinzento e cola-se facilmente no lugar do fracasso.
(Para entender melhor a relação do “tudo ou nada”, leia os seguintes artigos: Efeito sanfona: entenda suas causas emocionais e como transformá-las e A culpa e a autossabotagem no processo de emagrecimento)
Neste sentido, mais do que se martirizar porque “as coisas não saíram como esperado”, como você pode reconhecer não apenas as dores que você passou ao longo do ano, mas também a sua potência e a força?
Que você possa terminar o ano se olhando com mais doçura!
Até o próximo post!
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Sei que pra mta gente o final de ano é assim terrível, mas pra mim (apesar de eu não me empolgar mto especificamente com as festas) sempre foi um momento mais de pensar no que o ano novo vai trazer do que de relembrar os fracassos do ano anterior. Sempre fui mais de fazer listas de projetos (nunca cumpridas integralmente, é claro) do que de fazer balanços. Além disso, depois de um episódio da adolescência, eu meio que prometi pra mim mesma que nunca teria vergonha de mostrar o corpo na praia, e eu trouxe isso tbm pra depois que engordei. Nesses quesitos, acho que eu sou realmente uma pessoa de sorte.