Muitas mulheres que apresentam baixa autoestima sofrem prejuízos na relação com a sua sexualidade por conta disso. Insatisfeitas com o próprio corpo, têm dificuldades em olhar para as próprias vontades e acabam se submetendo aos desejos do outro (ainda que vá contra o que elas mesmo querem).
Muitas vezes, isso começa já no ato da paquera. Sentem que “são escolhidas” ao invés de escolher seus parceiros e acabam aceitando ficar com uma outra pessoa pelas quais não tem o menor interesse pela dificuldade em dizer “não”.
Essa dificuldade em dizer “não” reverbera não apenas no campo amoroso, mas também na relação com a comida e de uma forma geral como já falamos em outro artigo do blog (Por que encarnar a mulher-maravilha faz você engordar).
Entram em um relacionamento porque o outro quer e mostra interesse por elas, mesmo não sendo exatamente o que buscavam. Maximizam as características positivas da outra pessoa em uma posição de resignação como se não merecessem um parceiro melhor.
Eis aí um terreno fértil para relacionamentos abusivos e tóxicos: a baixa autoestima faz a pessoa se submeter e se sentir culpada pela violência psicológica do outro gerando uma bola de neve sem fim.
Não sentindo-se amada como gostaria e desconfortável em uma relação que não faz mais sentido a ela, sua libido vai diminuindo progressivamente. Sente-se infeliz na relação, mas não sabe como sair disso.
Não quero aqui colocar as mulheres no lugar de vítimas da própria história e vilanizar quem está ao seu lado.
Costumo dizer para minhas pacientes nessa situação que antes de pensar em divórcio, é preciso colocar em prática a separação emocional da outra pessoa.
Entender que, por mais que você tenha insatisfações na relação com o seu corpo, você tem direito e merece ser amada, valorizada e reconhecida pela outra pessoa.
Mas isso começa primeiro dentro de você. Já falamos aqui o quanto o perfeccionismo tem relação com os transtornos alimentares. Comece primeiro valorizando o corpo que você tem e se perdoando por eventuais erros cometidos no seu passado.
Sempre parto do pressuposto que a gente toma a melhor decisão possível baseado nos recursos que temos em determinado momento.
Caso não tenha sido possível no passado dizer “não” a relações tóxicas, que tal se conhecer primeiro? Você sabe verdadeiramente do que você gosta e do que você não gosta? O que você quer e o que você não quer em uma relação amorosa e na vida?
E que tal tratar toda essa raiva guardada, toda essa mágoa engolida que acaba se voltando contra você na forma de baixa autoestima?
Quero que você saiba que a luta contra a gordofobia busca reconhecer as mulheres como sujeito de desejo, busca combater o machismo arraigado na nossa sociedade e o direito das mulheres em dizerem “não” à misoginia e ao papel de objeto nas relações
Saiba que você merece uma vida mais leve! Você é phoda, mulher!