Fui ano passado a um aniversário infantil com minha filha. Logo após o parabéns e próximo à mesa do bolo, havia um aparador repleto de docinhos de festas. Comi um brigadeiro. Estava divino. Peguei um cajuzinho. Estava delicioso. Aí exclamei em voz alta: “nossa, isso está muito gostoso. Mas não posso comer mais”. Aí a mãe de uma amiga, que estava ao meu lado, me questionou: “ué, mas você não tem um blog que fala para as pessoas se libertarem na relação com a comida, por que você não pode comer mais se você quer?”.
Essa frase ficou reverberando na minha cabeça: “por que não posso ter prazer?”, ou melhor, “por que não posso me permitir ter prazer com a comida?”. Acho que estamos tão condicionadas, enquanto mulheres, a controlar o tempo todo nossa alimentação que quando sentimos prazer, ele vem carregado de muita, muita culpa. E aí acabamos ficando preso à gangorra da privação e rígido controle alimentar versus compulsão e excesso, o famoso “tudo ou nada” que já falamos em outros textos (Efeito sanfona: entenda suas causas emocionais e como transformá-las).
Isso porque tomada pela frase na minha cabeça que eu não PODIA mais comer os docinhos, curiosamente minha vontade por eles aumentava exponencialmente. A interdição alimenta ainda mais o desejo já dizia Freud. Como então quebrar esse ciclo de interdição, culpa e compulsão?
O primeiro passo curiosamente é autorizar-se a ter prazer. Esse ideal implacável de corpo foi uma forma que a sociedade patriarcal encontrou de colocar as mulheres em papel submisso e subserviente aos homens. Como efeito dessa sociedade machista, as mulheres crescem insatisfeitas com a própria aparência e repetindo para si mesmas (independente de seu IMC) que estão gordas e têm que emagrecer. Tomadas por culpa e um forte sentimento de inadequação, elas se afundam nas dietas buscando uma legitimação e aprovação social. “Quando for magra, serei feliz”, afirmam para si mesmas.
Por que não se libertar disso e cuidar do seu corpo com afeto? Por que não abrir espaço para o próprio prazer, o próprio tesão mesmo sem ser tudo aquilo que se idealiza?
Associamos felicidade ao cumprimento de nossos ideais. Apostamos todas as nossas fichas em novos eventos na nossa vida como se eles fossem transformar o modo que nos sentimentos em relação a nós mesmos e ao mundo. “Quando emagrecer/ arranjar um namorado/ mudar de trabalho… todos meus problemas estarão resolvidos”. Ficamos então ansiosas em atingir nossas expectativas e nos sentimos fracassadas, miseráveis e culpadas se as coisas não saem como previsto.
Por que não fazer as pazes com a própria história e com o próprio corpo? Por que não reconhecer a própria potência e qualidades? Você merece ser feliz.
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